eu preciso
de uma vírgula
amiga
só pra me dizer que é necessário o que vem em seguida.
16.7.08
nunca haveria de dizer um sim.
e se houvesse de concordar com algo, que fosse com um não.
tudo porque desconhecia o que era ser e poder
e ir e não voltar.
e quando finalmente estivesse morto, no caixão despachado,
alguém veria um sim a crescer entre as unhas roídas - agora roxas -
e então cortaria suas mãos para plantar num quintal bonito, de terra fértil e boa,
com fartura de água e sol generoso.
e se houvesse de concordar com algo, que fosse com um não.
tudo porque desconhecia o que era ser e poder
e ir e não voltar.
e quando finalmente estivesse morto, no caixão despachado,
alguém veria um sim a crescer entre as unhas roídas - agora roxas -
e então cortaria suas mãos para plantar num quintal bonito, de terra fértil e boa,
com fartura de água e sol generoso.
31.1.08
de cama
acometida da vida toda
hospedeira das possibilidades que esperam ser escolhidas
cada uma pedindo para comer um terço de minha história -
ou, as mais famintas, minha história inteira
sempre vivi com sentimento de pedaço que falta
e com o egoísmo de nunca ter perguntando
a quem quer que fosse, amigo ou desconhecido,
se lhe faltava algo também
agora me derramo gorda sobre as horas de preguiça e luxúria
e para cada pecado uma sentença cruel - por favor -
porque não me poupo de ser algo em dor,
algo em transe
e perigoso
algo que amedronta e ama descomedidamente
como soluço ininterrupto,
como febre que não passa
e leva à morte por brincadeira.
acometida da vida toda
hospedeira das possibilidades que esperam ser escolhidas
cada uma pedindo para comer um terço de minha história -
ou, as mais famintas, minha história inteira
sempre vivi com sentimento de pedaço que falta
e com o egoísmo de nunca ter perguntando
a quem quer que fosse, amigo ou desconhecido,
se lhe faltava algo também
agora me derramo gorda sobre as horas de preguiça e luxúria
e para cada pecado uma sentença cruel - por favor -
porque não me poupo de ser algo em dor,
algo em transe
e perigoso
algo que amedronta e ama descomedidamente
como soluço ininterrupto,
como febre que não passa
e leva à morte por brincadeira.
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