23.7.08

eu preciso

de uma vírgula

amiga



só pra me dizer que é necessário o que vem em seguida.
diga,
diga,
diga,

de toda tristeza que você traz,
se agora com sua ida,

sua dor junto a ele jaz.

16.7.08

nunca haveria de dizer um sim.
e se houvesse de concordar com algo, que fosse com um não.

tudo porque desconhecia o que era ser e poder
e ir e não voltar.

e quando finalmente estivesse morto, no caixão despachado,
alguém veria um sim a crescer entre as unhas roídas - agora roxas -
e então cortaria suas mãos para plantar num quintal bonito, de terra fértil e boa,
com fartura de água e sol generoso.

31.1.08

de cama
acometida da vida toda
hospedeira das possibilidades que esperam ser escolhidas
cada uma pedindo para comer um terço de minha história -
ou, as mais famintas, minha história inteira

sempre vivi com sentimento de pedaço que falta
e com o egoísmo de nunca ter perguntando
a quem quer que fosse, amigo ou desconhecido,
se lhe faltava algo também

agora me derramo gorda sobre as horas de preguiça e luxúria
e para cada pecado uma sentença cruel - por favor -
porque não me poupo de ser algo em dor,
algo em transe
e perigoso
algo que amedronta e ama descomedidamente
como soluço ininterrupto,
como febre que não passa
e leva à morte por brincadeira.